Juanita Brooks foi uma genial e impressionante mulher.
Porém, voltemos um pouco na história antes de falarmos sobre ela.
Há cerca de 150 anos atrás, em 11 de setembro de 1857, sobre o conhecido "Massacre de Montain Meadows":
- 120 homens e crianças foram executadas a sangue-frio (tiros dados à queima-roupa. Alguns foram dados na cabeça ou na nuca.)
- apenas 17 crianças, por estarem abaixo dos 8 anos de idade, foram poupadas.
- a Igreja SUD negou qualquer envolvimento mórmon por mais de 100 anos no massacre de ‘Moutain Meadows’ um tempo muito muito longo.
- A culpa do massacre foi atribuída, pela própria igreja SUD, aos índios Paiúte.
Os documentos da época mostram a reação da Igreja relativo ao massacre:
• George Q. Cannon, então presidente da missão Califórnia respondeu aos relatos iniciais do envolvimento de mórmons acusando os jornalistas de escrever “calúnias imprudente e malignas” apesar de saberem que os mórmons do sul de Utah eram “tão inocentes... quanto um feto”.
• O jornal ‘Deseret News’ foi inicialmente lento para comentar sobre o massacre, alguns meses o jornal negou qualquer envolvimento mórmon, então permaneceu em silêncio até 1869, quando ele voltou a negar envolvimento dos mórmons.
• Em 1872, 15 anos após o evento, finalmente Brigham Young excomungou Lee e Haight pelo massacre (fairlds.org) .
Mas estas são apenas as reações iniciais quanto ao massacre de ‘Mountain Meadows’. Para somar a estas reações, 20 anos após o massacre apenas John D. Lee (ao lado) foi condenado e executado, em 1877.
O Presidente Brigham Young foi entrevistado por um repórter e disse que considerava o destino de Lee justo. Ele negou qualquer envolvimento pessoal, negou que a doutrina da expiação pelo sangue tivesse contribuído no massacre, porém reiterou sua crença nessa doutrina “e acredito que Lee não expiou por metade de seu grande crime”
• Ao final dos anos 50, o Presidente SUD David O.Mackay criou um comitê presidido pelo apóstolo Delbert L. Stapley para investigar o massacre de ‘Mountain Meadows’. Este comitê recomendava que Mackay restaurasse a associação de John D.Lee. O presidente Mackay permitiu que um dos netos de John D.Lee fosse batizado em seu favor e então a Igreja restaurou à Lee a condição de associado da Igreja. (fairlds.org)
• Ao final dos anos 50, o Presidente SUD David O.Mackay criou um comitê presidido pelo apóstolo Delbert L. Stapley para investigar o massacre de ‘Mountain Meadows’. Este comitê recomendava que Mackay restaurasse a associação de John D.Lee. O presidente Mackay permitiu que um dos netos de John D.Lee fosse batizado em seu favor e então a Igreja restaurou à Lee a condição de associado da Igreja. (fairlds.org)
Como é possível observar, a própria Igreja, no final dos anos 50, reconheceu que havia utilizado John D.Lee como bode expiatório. Porém, a igreja SUD não quis tornar esta informação pública, pois contradizia as negações constantes e o distanciamento que eles afirmavam possuir do massacre. Seria algo muito embaraçoso!
Em 1940-50, uma mulher chamada Juanita Brooks, que era uma mórmon devota, começa a fazer pesquisas históricas e escreve um livro chamado “Mountain Meadows Massacre”, onde faz um minucioso relato com detalhes históricos sobre o evento do massacre de Mountain Meadows. Neste livro, ela reconhece que:
• mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos no massacre
• era injusto jogar a culpa pelo massacre nos índios
• após o massacre, ocorreu uma grande operação de encobertar os fatos pelos próximos 20 anos na Igreja em todos os níveis para evitar julgamentos e perseguições.
• John D.Lee foi injustamente utilizado como bode expiatório
• Queria publicar o secreto, batismo póstumo de John D.Lee
As Reações da Igreja: Juanita Brooks foi...
• ...marginalizada pelos membros locais e liderança
• ...ameaçada de excomunhão pelo Elder Delbert Stapley
• David O.Mackay negou o pedido de excomunhão dizendo “Deixem ela em paz”
Porém, ela pagou um preço alto por apenas escrever história factual, direta e honesta.
Avançando a história em cerca de 40 anos após sua publicação, vemos que a Igreja SUD na revista ‘Ensign’ de 2007 escreveu um artigo sobre o massacre de ‘Mountain Meadows’ onde eles reconhecem que:
• mórmons e líderes mórmons locais estavam envolvidos
• que era injusto jogar a culpa no índios
• apenas John D.Lee foi utilizado como bode expiatório e pagou pelo massacre
E eles foram até mais adiante: em um comunicado à impressa, Elder Henry B.Eyring é citado dizendo:
“Manifestamos profundo pesar pelo massacre realizado neste vale à 150 anos desta data, e pelos incontáveis e desnecessários sofrimentos passados pelas vítimas, e sucessivamente por seus descendentes até o tempo presente. "
“A distinta expressão de pesar nós devemos aos índios Paiute, que injustamente suportaram a culpa principal por muito tempo pelo que ocorrido durante o massacre ", disse ele. "Embora a extensão do seu envolvimento é contestado, acredita-se que não teria acontecido sem a orientação e estímulo fornecido pelos líderes da igreja local e os membros." Élder Henry B. Eyrin, Apóstolo da Igreja SUD, 11 de setembro de 2007 - Anúncio da Igreja SUD por ocasião do 150º. Aniversário do Massacre de Mountain Meadows ocorrido em 11 de setembro de 1857
Infelizmente, nenhuma desculpa foi dada a Juanita Brooks por ela ter sido punida ao trazer o fruto de seus estudos à luz da verdade.
Jeffrey R.Holland, numa transcrição do ‘PBS’ – “The Mormons”, disse apenas:
“[Juanita Brooks] provavelmente ajudou a Igreja a encarar algo que todos nós nunca desejássemos que tivesse acontecido” Jeffrey R.Holland, Apóstolo SUD, Transcrição do PBS – The Mormons,4 de Março de 2006
Basicamente, ela foi punida e marginalizada por dizer a verdade.
Numa publicação mórmon não-oficial intitulada ‘Sunstone Magazine’, o estudioso Levi Peterson é citado dizendo:
“Em tudo isso, Juanita tornou-se algo maior do que simplesmente uma historiadora respeitável. Para vários mórmons que, cedo ou tarde, que aceitem a sua interpretação do massacre, ela tem servido como uma dramaturga e uma confessora. Ela confrontou-nos com fatos terríveis e decepcionantes, despertou-nos a tristeza eo arrependimento vicário, em seguida, levou-nos a compreensão e perdão aos nossos antepassados errantes. Igualmente importante, esta corajosa dona-de-casa tem inspirado e encorajado os não-conformistas e os protestantes de todas os tipos entre os mórmons. Inquestionavelmente, Juanita Brooks permanecerá famosa como um dos grandes campeões da liberdade de investigação e do debate aberto na história do mormonismo.”Levi Peterson, Sunstone Magazine, Issue 73
E o mais inspirador é talvez, como Juanita Brooks foi capaz de realizar este meticuloso trabalho de pesquisas históricas sendo mãe, dona-de-casa e professora. Claudia Bushman lembra que:
“Ela sempre manteve a tábua de passar roupas aberta, e mantinha uma cesta de roupas sujas próximas a sua escrivaninha. Quando alguém se aproximava, ela começava a passar a roupa, então ninguém saberia o que ela estava escrevendo. Para completar, Juanita viajava de ônibus durante a noite para fazer suas pesquisas em Salt Lake City ou na Biblioteca de Huntington”
Um grande sacrifício foi pago por esta mulher por divulgar a verdade, questionou os ensinamentos da Igreja SUD e sua liderança e sofreu grandemente por isto.
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